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Imagens, Memória e a era do Euspetáculo





Desde o tempo das cavernas as imagens nas paredes sempre nos quiseram dizer coisas.


A fotografia foi uma evolução natural de capturar momentos e significados. 

Antigamente índios evitavam ser fotografadas para que não roubassem suas almas.

A  intenção das fotos sempre foi mesma a de parar o tempo,  revelar emoções e registrar uma faísca de vida, de sentimentos, pessoas ou acontecimentos.

Junto com as câmeras e equipamentos evoluímos para cores e movimentos. 
O cinema nunca deixou de ser uma projeção acelerada de fotogramas, e agora filmamos com facilidade e rapidez.


Das revelações em chapa, filmes e polaroides, chegamos à era digital dos celulares e instantâneos na rede social via instagram e outros.
Filmamos tudo, fotografamos tudo.

Se antes vivíamos os acontecimentos e depois os guardávamos e os revivíamos em álbuns, agora ultrapassamos isso. Vivemos e fotografamos o momento, no mesmo instante.  Ou até antes. O que gera até uma certa angústia digital.

Temos que compartilhar em segundos e também consumir a memória dos outros, aos milhares e milhões, como zumbis carnívoros de imagens.

Conseguimos viver assim cada instante ou só tentamos correr mais que a própria vida?
Cuidado com o fascínio repetitivo dos espelhos. Do Euspetáculo generalizado onde o clique parte de um umbigo e fica multiplicado em autoimagens que nada acrescentam. 

Precisamos reviver o poder das imagens e dos momentos a nosso favor. 
Fotografar é desvendar e perceber o mundo na forma que ele é, e não do jeito que queremos. 
A boa fotografia sempre contará uma história, por si só.

Se a imagem for sincera será perfeita e não precisará de retoques, nem filtros, nem photoshop.
Grandes fotógrafos sempre falaram de momentos mágicos, em que uma cena perfeita está ali, pronta para virar uma imagem.

Nestes tempos digitais nunca foi tão banal gerar imagens.
Faça disso um exercício e não mais um espelho.
Olhe para dentro e para fora, olhe bem em volta, e aprenda a clicar com olhos e coração.

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