Conte uma história. Para você, para outro, para uma criança, para um idoso, para quem você não conhece, para alguém que está só.
Não importa se ela é sua ou de alguém, criada ou tirada de um livro, filme, conto ou música.
Contando uma história somos outros. Somos ninguém e somos mais.
Nos tornamos melhores contando fatos emoções e ideias pois ficamos mais parecidos, tribais, misturados com as memórias de outros ou de outra época e com nossas próprias vidas.
Na ficção contada e cantada nos tornamos mágicos, engraçados, misteriosos, emocionantes, únicos.
Uma boa narrativa emociona. A voz acalenta, passa emoção, faz rir. Palhaçadas e mímicas dão show. Ou então a contenção e o tom nos passam emoção, profundidade, medo, dúvida, inquietação.
Lendo ou falando podemos fazer as palavras correrem, andarem devagar ou saltarem, num vazio, e brilharem solitárias após um silêncio.
Palavras e frases são assim, se tornam formas, contos, fábulas, novelas e romances, personagens com vida própria.
Quando se conta algo nos envolvemos e podemos acabar emendando de um acontecimento para outro, narrando histórias que surgem dentro das outras.
Deixamos de saber quando começa e onde termina, apenas queremos mais.
Sofremos e vivemos dentro deste mundo que nos invade e toma de emoções e cenários fantásticos. Nenhum efeito especial supera a mente que voa e os sonhos que imaginamos.
Contar histórias reúne pessoas e sentidos, no olhar, ouvir, sentir.
De um ouvinte a grandes plateias todos atentam ao som e ao sentido. Na respiração, no silêncio e em tudo que cerca o momento.
Do calor ancestral em volta das fogueiras aos tempos digitais das telas que sugam nossos olhares, o valor de uma boa história continua o mesmo.
Tudo vale, um velho livro usado, cheio de marcas e anotações. Um caderno, apostila ou xerox. Em um pedaço de pano, papel, quadro-negro, muro.
Palavras ocupam qualquer espaço, real ou digital, e nos convidam a contar histórias.
Crianças riem, idosos lembram, gente comum se emociona, pessoas que nem se conhecem se confraternizam.
Boas histórias se contam e recontam. Mesmo repetidas nunca serão as mesmas.
De alguma forma estamos sempre contando algum tipo de história, só não nos damos conta disso, disfarçamos, ignoramos, esquecemos , mas elas estão ali.
As palavras brincam o tempo todo conosco e nos usam para contar qualquer coisa.
Tanto quanto nós, elas não vivem sem uma boa história.
Versão em áudio:
Cortesia do locutor Silvio Vaconcellos.
Roberto Tostes é autor de dois livros:
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