Histórias sempre foram contadas para todos, crianças e adultos, em grupos, rodas e fogueiras, por milhares de anos.
Se nos repetimos tanto em nossas vidas é por isso que nos entregamos tanto à ficção, em livros, jogos, filmes. Queremos esquecer de nós e ser outros, encarar grandes e impossíveis desafios, enfrentar o inesperado, o diferente, vivenciar junto com outros emoções e aventuras.
Histórias transformam crianças em adultos e vice e versa. O escritor que cria torna-se criança. A criança que lê torna-se herói ou heroína, mágica, invencível.
Histórias tem vida. Vidas dentro de vidas. Vidros de emoções e situações através dos quais podemos enxergar pessoas e acontecimentos. Transparências e espelhos que nos mostram que podemos nos enxergar melhor.
Somos ficção e realidade misturados. Continuamos sendo personagens à procura de um autor, de um palco, uma voz. Leitores ávidos por algo sempre novo. Ou escritores perdidos entre a criação e o vazio.
Mas parece sempre que não queremos largar nossos papéis principais, nossa vida que escolhemos e repetimos. Insistimos em não acreditar que podemos ser apenas meras marionetes.
Nem pensamos na hipótese de sermos feitos de pau e que podemos mentir e mentir de novo, como Pinóquio.
Crianças gostam de histórias porque querem brincar de viver. Elas realmente se apaixonam por seus personagens, realmente vivem.
Choram e se desesperam. Escutam de novo, pedem mais, fazem parte destes mundos distantes de alma e coração, em voos possíveis e imaginários.
Crianças não se importam de ser Pinóquios, de serem heróis, e até bandidos, vilões, monstros. Trocam com facilidade de papéis e sonhos, armaduras e fantasias, sempre entrando de cabeça, com emoções intensas, reais e sinceras.
Esquecemos que fomos crianças e que éramos muito mais livres. E de como todas as histórias eram muito mais reais.
@robertotostes
Conte Histórias: A Menina e os Lápis http://migre.me/eNmuI
A Arte de Contar Histórias. http://migre.me/ev2en