Câmeras, Celulares, ação! Sorria, Você está sendo filmado. Ou melhor, visto e digitalizado quase 24h por dia, em máquinas câmeras e todo tipo de dispositivos.
Índios temiam a fotografia porque diziam que podia roubar suas almas. Bem, se não roubam, podem pelo menos distorcer bastante a noção de realidade, ainda mais em tempos digitais.
Não é só questão de ego, é um vazio ideológico que parece não se completar nunca, uma fome de imagem que nunca se autosacia.
Tudo vem se tornando uma espécie de espelho 3D, em que você olha quase o tempo todo para si mesmo, como num reflexo. Ao mesmo tempo, imagina como os outros estarão vendo e avaliando esta mesma imagem logo depois.
Por isso a angústia de se autoeditar, preocupado com seu visual instantâneo, melhorando em tempo real o sorriso, ou a pose.
Quanto mais nos fotografamos, mais parece que investimos em nossa autoestima, quando na verdade estamos ficando cada vez mais sozinhos e inseguros.
Estamos tão viciados e entorpecidos pelas imagens que até uma simples filmagem já nos cansa. Precisamos que ela fique cada vez mais acelerada e picotada como nos videoclipes ou numa sequência de fotos em looping estroboscópio que nos tira o fôlego antes de sabermos exatamente o que estamos vendo.
Vivemos na montanha russa como se fosse um andar normal, querendo mesmo é sentir a adrenalina correndo nas veias, esperando a próxima queda brusca ou acelerada vertiginosa.
Levamos e guardamos tantas imagens no bolso ou qualquer aparelho digital que aquele olhar demorado e lento sobre um único retrato atual ou antigo não existe mais. O registro de imagens se acelera tanto que ultrapassa nossa própria vida e momento.
Antes de viver o momento já estamos fotografando e filmando compulsivamente o que nos acontece ou olhamos. Não vale mais a sensação e o lugar, mas o que poderemos mostrar aos outros que não estão ali.
Para alterarmos imagens cotidianas e bobas abusamos dos filtros e cores artificias para psicodelizar ou mudar os tons, como crianças brincando de colorir. No fundo nem percebemos que estamos só criando mais uma forma de alterar realidades e enganar nossas percepções, cansadas da repetição.
Nossos olhos verdadeiros se transformam assim em um periférico de uma máquina, um botão vazio e mecânico. Como se estivessem anestesiados, sem uso. A quem interessa olharmos tanto e não ver nada verdadeiramente?
As imagens podem nos ensinar muito coisas se aprendermos a ter um olhar crítico sobre a realidade e sobre nós.
Temos que fazer como Alice, viver a aventura através do espelho, e não na frente dele.
@robertotostes
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Encontrando Narciso na Web - http://migre.me/5GkgI #redessociais
A Arte de Fotografar e o Lado Zen do Instagram. http://migre.me/aLIt7 #instagram #zen
A Web nos Decifra e Devora #karmadigital http://migre.me/5VH0r
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Não é só questão de ego, é um vazio ideológico que parece não se completar nunca, uma fome de imagem que nunca se autosacia.
Tudo vem se tornando uma espécie de espelho 3D, em que você olha quase o tempo todo para si mesmo, como num reflexo. Ao mesmo tempo, imagina como os outros estarão vendo e avaliando esta mesma imagem logo depois.
Por isso a angústia de se autoeditar, preocupado com seu visual instantâneo, melhorando em tempo real o sorriso, ou a pose.
Quanto mais nos fotografamos, mais parece que investimos em nossa autoestima, quando na verdade estamos ficando cada vez mais sozinhos e inseguros.
Estamos tão viciados e entorpecidos pelas imagens que até uma simples filmagem já nos cansa. Precisamos que ela fique cada vez mais acelerada e picotada como nos videoclipes ou numa sequência de fotos em looping estroboscópio que nos tira o fôlego antes de sabermos exatamente o que estamos vendo.
Vivemos na montanha russa como se fosse um andar normal, querendo mesmo é sentir a adrenalina correndo nas veias, esperando a próxima queda brusca ou acelerada vertiginosa.
Levamos e guardamos tantas imagens no bolso ou qualquer aparelho digital que aquele olhar demorado e lento sobre um único retrato atual ou antigo não existe mais. O registro de imagens se acelera tanto que ultrapassa nossa própria vida e momento.
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Nossos olhos verdadeiros se transformam assim em um periférico de uma máquina, um botão vazio e mecânico. Como se estivessem anestesiados, sem uso. A quem interessa olharmos tanto e não ver nada verdadeiramente?
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Temos que fazer como Alice, viver a aventura através do espelho, e não na frente dele.
@robertotostes
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