Se a Copa do Mundo tomou proporções mundiais tão grandes, a Fifa deve muito ao Brasil, e a várias gerações de craques e torcedores por isso.
Historicamente sempre fomos a terra da diversidade e da mistura. Somos uma nação vira-lata que sempre gostou de mostrar sua energia e alegria de viver, e que descobriu no futebol sua melhor expressão para isso.
Em chão de terra, quadras, grama ou asfalto, garotos em todo o país correm atrás da bola e vestem o sonho de ser um grande jogador. Na vida real ou nas telas dos games eles imaginam as jogadas mais fantásticas e os gols mais inesquecíveis.
Todos eles, em qualquer lugar do país, de qualquer classe, raça e ideologia, se sentem craques e inesquecíveis. Com chuteiras importadas ou descalços, o sentimento pela bola é o mesmo, e eles se também entram em campo para pisar o gramado neste grande evento mundial.
Somos simpáticos e sabemos receber as pessoas. Também sempre fomos bons de festa, criando eventos de repercussão mundial como carnaval, reveillon e várias outras festas nacionais.
Realizando a Copa no Brasil tivemos a oportunidade de juntar tudo isso. Apesar das questões de gastos e estrutura, o que vale agora é a oportunidade do que podemos mostrar ao mundo de positivo.
Sim, somos vira-latas. Somos craques. E somos felizes apesar de todos problemas que qualquer país tem.
Na minha memória e de muita gente estão gravadas inúmeras partidas de futebol de pelada. Jogados em qualquer lugar, sem campo, sem juiz, reunindo garotos de todas as idades e origens. Sempre com brigas,
disputas, xingamentos, provocações, mas no final, após a bola rolar, todos se entendendo de alguma forma.
É assim que vejo a Copa do Mundo, com um sentimento mundial de união. Nesta hora é que muitas diferenças caem pois todos ocupam o mesmo campo. Vemos nas torcidas superfantasiadas a alegria e a festa de um espetáculo de encontro, de confraternização.
A Copa e o Mundo podem mostrar assim o verdadeiro espírito do futebol. O orgulho de uma nação, o orgulho de muitas nações de vestir a camisa e torcer. Gritar e comemorar cada lance e cada gol.
Esse esporte não é para marketing ou política. Se for amestrado ele apenas vai acabar virando mico. O futebol vive da ginga e da arte. Sem criatividade e ousadia ele perde o brilho.
Apesar de toda disputa que o jogo de futebol envolve, em sua essência ele tem a capacidade de unir pessoas e não dividir ou rachar de vez.
A Copa não é para a Fifa, nem para os governantes, nem para os jogadores, torcedores, ou qualquer um.
Este evento é o que é principalmente para o moleque que grudado na tevê sonha com seu futuro e imagina que talvez um dia talvez possa brilhar pelo seu país.
@robertotostes