Pular para o conteúdo principal

A KLOUTIFICAÇÃO DAS PESSOAS, KAFKA E O SR.K


Estão aparecendo agora na internet programas como Klout e similares que mesmo sem você saber identificam seus hábitos, colocando etiquetas e rótulos de avaliação social.
Autorizando ou não o uso de seus dados nas redes sociais seu perfil pode ser kloutificado. Numa escala de 0 a 100 você ganha um índice e um perfil conforme seus seguidores de twitter, amigos no facebook e conexões do linkedin.

Conversacional, Explorador, Iniciante, Especialista e outros. Logo enquadram você em algum destes tipos e numa escala de valor com um índice.
Você passa a valer algo conforme a força da intensidade com que divulga informações e influencia pessoas. Sua capacidade de difusão é avaliada e dissecada em números e estatísticas.
A curiosidade e o alterego acabam estimulando a busca de altos índices pessoais. Meu K é maior do que o seu. Preciso aumentar meu K.
Assim corremos o risco de virar reféns de um diagnóstico baseado em parâmetros incertos e discutíveis.
O impacto da atuação nas mídias sociais ainda é uma incógnita. Podemos observar as ondas e identificar seu potencial, mas saber criá-las é outra história.
Um oceano é feito de mares, ondas, variações climáticas, algo complexo e imprevisível.
A impressão que passa é a de que se tenta agarrar o futuro de qualquer maneira. Não podemos esperar, quase atropelamos o tempo em vez de deixar as coisas acontecerem.
No livro – O Processo – de Franz Kafka um cidadão chamado Joseph K. é investigado por algo que nem sabe do que se trata, engolido por uma máquina burocrática interminável.
Ele deixa de ser dono do seu tempo, preso, investigado e julgado de forma fria , esmagado pelo poder do estado.
Perdidos entre tantas informações, distrações e excesso de informação, esquecemos o valor do vazio.
Saber viver o presente é dar espaço para a mudança, o inesperado, o que não planejamos.
Os sistemas, softwares e equipamentos parecem não querer perder tempo, mas é exatamente disso que precisamos, de momentos de ócio, lentidão, dúvida.
Se cairmos em um modelo de métricas, valores e perfis como estes, a espontaneidade das mídias sociais pode acabar numa armadilha sem saída.
O bom dessas redes é dar liberdades aos peixes e não o contrário.

publicado também na webdialogos

Postagens mais visitadas deste blog

FELIZ ANO VOCÊ!

Feliz Você porque  a realidade começa a partir disso.   O que você pensa, o que faz,  a forma como age, por si próprio e pelos outros, e também como reage a eles. Ninguém está aqui isolado. O seu mundo e o dos outros depende dessa realidade interior. Nossas redes  e contatos nos acompanham aonde vamos, no que fazemos, e também  interagem aos nossos sinais. Ter plena consciência do valor e da importância de cada um dos próprios atos é a melhor forma de começar um Novo Ano, um novo caminho, projeto, trabalho ou mesmo uma decisão importante que pode mudar sua vida. Deixamos nossos sinais no mundo e na existência. Podemos fazer isso por meio de palavras e textos, desejos, fotos e imagens, em músicas, construções, realizações, descobertas. Gostamos de registrar nossas experiências e emoções, escolhemos pessoas, momentos, lugares. Criamos álbuns, memórias. Gostamos de olhar para trás e eternizar estes momentos passando o mesmo filme ou fo...
Leia o texto completo aqui Medium - robertotostes

Voltando às origens

Nos últimos anos temos visto grandes empresas sumirem do mapa, algumas com décadas de existências ou centenárias, assim como profissões que se extinguem ou então passam por mudanças radicais.  Isso leva a uma grande questão que vale para empresas e profissionais, no que se refere à identidade, valores e proposta de vida. As empresas tem algo a ver com as pessoas e vice-e-versa. Lá no fundo de nós existe uma semente inicial, que é ao mesmo tempo nossa verdade e o motor que nos impulsiona todos os dias. Mas em alguns momentos nos perdemos desta referência. Neste processo podemos simplesmente sair da estrada e demorar para retomar o caminho.  Quando os tempos são acelerados ou após muitas mudanças de curso isto talvez fique ainda mais complicado. O banco do qual sou cliente já mudou de marca três  vezes nos últimos anos e continua no mesmo lugar. Alguns dos funcionários ou gerentes ainda conheço.  Não posso deixar de imaginar e tentar enten...