As melhores histórias podem ser contadas e recontadas milhares de vezes. Faz parte da magia das palavras, da nossa essência humana.
Desde as inscrições nas cavernas e primeiras pinturas tínhamos esta necessidade de gravar algo que aconteceu ou que gostaríamos que acontecesse.
Os primeiros livros se originaram de textos orais, da fala. De histórias contadas, dos mitos, histórias tribais repetidas em volta da fogueira. De tanto serem contadas e recontadas se desenvolveram em forma, conteúdo e enredo, criando personagens e tramas imortalizadas para sempre.
Somos todos feitos de histórias, verdadeiras ou não. A vida de qualquer um é feita destes retalhos e narrativas, que se entrecruzam, se dividem e se multiplicam.
Mas há certas coisas que acontecem que se tornam realmente marcantes em nossa existência, não só no aspecto emocional e racional, mas também impressas nos sentidos.
Ao relembrarmos um momento desses , as pessoas envolvidas, cenas e situações, damos um salto no tempo e a revivemos de uma outra forma. É algo intenso, espalhado em sons, cheiros, imagens, tatos e sensações.
Estamos sempre vivendo, revivendo e contando histórias. Adaptamos e editamos, colecionamos itens, arquivando e identificando, como algo muito precioso e único.
Mas sempre dependemos de alguém que queira ouvir, chorar e sorrir com a gente. Sejam poucas ou muitas pessoas, quando conseguimos dividir essa emoção e momento, multiplicamos o efeito. E nos sentimos mais vivos, mais humanos.
Por isso as melhores criações são as mais simples, as mais inesperadas e surpreendentes. Elas conseguem ser diretas, essenciais, verdadeiras e tocam a gente lá no fundo.
Quanto melhor uma história, mais facilmente ela se propaga. Não importa quem contou ou criou, a forma ou o meio, ela passa a ser de todos, universal.
Por isso nos apaixonamos tanto por certas histórias, autores e autoras, quando percebemos o quanto nos faz bem aquilo que escreveram, aquele livro, romance, filme, teatro ou poesia.
Nos apropriamos e de alguma forma nos sentimos donos também deste espaço, como parte de nossa vidas e emoções.
Todas histórias se criam e recriam. Por isso dentro de uma sempre há outras histórias. Por dentro, por trás, por todos os lados.
Dentro de nós há muitas delas, expostas ou escondidas.
As melhores histórias de nossas vidas sempre serão algo muito importante.
Para nos emocionar, nos questionar e talvez até nos transformar em outras pessoas, ou quem sabe, em outras histórias.
+Roberto Tostes
Imagem: Soda Jerk Columbus — Norman Rockwell — 1953